Filha de um oficial da Marinha ficou órfã de mãe aos doze anos.
Estudou em Portimão, Figueira da Foz e Lisboa, tendo frequentado, nesta cidade, os Liceus D. Maria Pia e Passos Manuel.
Começou por escrever livros infantis com sucesso nomeadamente "Mariazinha em África", 1926; "A Princesa dos Sete Castelos" e "As Novas Aventuras de Mariazinha", 1935.
Conheceu África que transmitiu com talento nos seus livros.
Casada em 1922 com António Ferro, jornalista e homem forte do regime de Salazar, promoveu a cultura no país e estrangeiro em importantes exposições.
Foi juntamente com o marido e outros, fundadora da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, actualmente designada por Sociedade Portuguesa de Autores.
Criou e desenvolveu, nos anos trinta, a Associação Nacional dos Parques Infantis, dadas as suas excelentes relações com as mais altas instâncias governamentais.
A sua poesia é francamente inspirada e está de novo a ser divulgada. Destacam-se "Asa no Espaço", 1955; "Poesia I e II", 1969, "Urgente", 1989.
David Mourão-Ferreira elogia vivamente a sensualidade feminina dessa poesia, tendo durante as comemorações dos cinquenta anos de actividade literária de Fernanda de Castro dito: “Ela foi a primeira, neste país de musas sorumbáticas e de poetas tristes, a demonstrar que o riso e a alegria também são formas de inspiração, que uma gargalhada pode estalar no tecido de um poema, que o Sol ao meio-dia, olhado de frente, não é um motivo menos nobre do que a Lua à meia-noite”. .
Fernanda de Castro recebeu, em 1969 o Prémio Nacional de Poesia e recebera em 1945 o Prémio Ricardo Malheiros pelo romance "Maria da Lua".
Escreveu até praticamente ao fim da vida, embora nos últimos anos a doença a retivesse na cama.
De salientar também que escreveu o argumento do filme Rapsódia Portuguesa (1959), realizado por João Mendes, documentário que esteve em competição oficial no Festival de Cannes.
Foi avó da escritora Rita Ferro.
As suas obras:
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Deus fez a pedra Rude
Deus fez a pedra rude, a pedra forte,e depois destinou: -Serás eterna.
Mostrarás a altivez de quem governa,
não ousará tocar-te a própria morte.
E a pedra julgou linda a sua sorte.
Foi palácio, foi templo, foi caverna,
foi estátua, foi muralha, foi cisterna,
viveu sem coração, sem fé, sem norte.
Mas viu morrer o infante, o monge, a fera,
o herói, o artista, a flor, a fonte, a hera,
e humildemente quis também morrer.
Não grita, não se queixa, não murmura,
guarda a mesma aparência hostil e dura
mas sofre o mal de não poder sofrer.
Fernanda de Castro
Maria Fernanda Teles de Castro e Quadros Ferro (Lisboa, 8 de Dezembro de 1900 – 19 de Dezembro de 1994),
Maravilhosa, e esse texto é incrível!
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