Nem para frente, nem para trás.
Nada se deixou e para o nada se vai.
Inércia e vazio se condensam na paisagem esgotada
Que as mãos sem talento de uma vida pintou.
As tristezas transbordam no sal dos olhos estradeiros
Que em alhures, tão distante que os pés não levam, buscam
Um motivo, mínimo fiapo, para chegar.
As malas no lombo de um trem incerto carregam
Os desejos que em revoada delas escapam
E na espiral do apito de um tempo findo
Quebram o silêncio das horas.
A memória vocifera na cabeça do viajor que vê
Num pequeno espelho, à distância
Seu destino perdido correr.
Tela de Aime Marie Constant Cap - (1842/1915) - Pintora Belga.
Teresinha Oliveira - tereoliva.blogspot.com
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