Francisco Costa
MURAL
Vou construir o maior out door do mundo,
Um mural do tamanho do mundo,
E com jet e paciência, em letras garrafais,
Enormes, escreverei uma única palavra,
A mais gasta de tão pronunciada, escrita,
Anunciada: AMOR.
Escreverei pura e simplesmente amor,
Não mais. Será um mural enorme,
De maneira que ninguém tenha os olhos imunes e,
Compulsório, se veja obrigado à leitura.
E amor lerá a moça de coração baldio
Esperando ocupação, o moço atento
A corações desocupados, o menino
Em crise de abstenção, esperando doses de crack
Ou de família, a menina grávida, subtraída de si,
Reduzida a uma espera para esperar.
Amor, lerá o palestino nas fronteiras de Israel
E o israelita no coração da Palestina.
Amor, cintilará nos letreiros de Walt Street,
Acordando aborígenes na Austrália, esquimós,
Índios brasileiros. Amor, escorrerá dos Andes
E do Himalaia, rasgando retinas e corações.
Amor, simplesmente amor, essa coisa gasta,
Pronunciada em vão, usada para justificar
O injustificável porque nascido morto, sem amor.
Um amor tão grande, que possa nos unir a todos
Em um beijo único, eloquente e duradouro.
Em abraço de amante que chega, de filho que vai.
Nesse dia já não haverá mais humanidade
Mas um homem único com bilhões de corpos
Partilhando a saciedade numa ceia de sorrisos.
E amanhecerá natal.
Francisco Costa.
Rio, 20/12/2012.
MURAL
Vou construir o maior out door do mundo,
Um mural do tamanho do mundo,
E com jet e paciência, em letras garrafais,
Enormes, escreverei uma única palavra,
A mais gasta de tão pronunciada, escrita,
Anunciada: AMOR.
Escreverei pura e simplesmente amor,
Não mais. Será um mural enorme,
De maneira que ninguém tenha os olhos imunes e,
Compulsório, se veja obrigado à leitura.
E amor lerá a moça de coração baldio
Esperando ocupação, o moço atento
A corações desocupados, o menino
Em crise de abstenção, esperando doses de crack
Ou de família, a menina grávida, subtraída de si,
Reduzida a uma espera para esperar.
Amor, lerá o palestino nas fronteiras de Israel
E o israelita no coração da Palestina.
Amor, cintilará nos letreiros de Walt Street,
Acordando aborígenes na Austrália, esquimós,
Índios brasileiros. Amor, escorrerá dos Andes
E do Himalaia, rasgando retinas e corações.
Amor, simplesmente amor, essa coisa gasta,
Pronunciada em vão, usada para justificar
O injustificável porque nascido morto, sem amor.
Um amor tão grande, que possa nos unir a todos
Em um beijo único, eloquente e duradouro.
Em abraço de amante que chega, de filho que vai.
Nesse dia já não haverá mais humanidade
Mas um homem único com bilhões de corpos
Partilhando a saciedade numa ceia de sorrisos.
E amanhecerá natal.
Francisco Costa.
Rio, 20/12/2012.
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