Francisco Costa
EDITAL
Saibam tantos quantos
Estas minhas palavras lerem
Ou delas tiverem conhecimento,
Que daqui a uma semana nascerá um menino.
E dele emanarão todas as forças capazes
De nos fazer homens e mulheres melhores.
E todo aquele ou aquela que se encontrar em dúvida
Terá nele o exemplo perfeito e correto
Para pautar com segurança os próprios passos
No caminho da paz, da segurança e da felicidade.
Dele dir-se-á e se escreverá muita coisa,
Entre exageros, invenções e omissões,
Mas, depois de tudo, sobrará ainda o maior de nós,
Aquele que caminhou na lama, mergulhou na lama
E se ergueu incólume, limpo, sem manchas
E sem máculas, sem uma nódoa sequer,
Para mostrar que o mal é exterior ao homem,
Que basta não se deixar contaminar.
Parecerá um menino comum entre meninos comuns,
Brincando, aprendendo, observando...
Com o olhar doce e calmo dos predestinados.
Ainda adolescente desafiará os sábios
E mostrará sapiência incomum para a sua idade,
Para o seu tempo: a sabedoria dos iluminados;
E adulto carregará a mansidão dos cordeiros,
A coragem dos heróis, a resignação dos fortes.
Com palavras duras e gestos contrariados
Desafiará os mercadores dos templos,
Que persistem entre nós até hoje,
E denunciará os falsos profetas,
Que ainda hoje insistem em profetizar falsamente.
E negará os falsos deuses, os deuses do ódio e da vingança;
Os do comércio e do luto, das tragédias e tempestades,
Os falsos deuses tão anunciados e cultuados,
A nutrirem-se dessa nossa triste realidade cotidiana.
Em aparente contradição se curvará aos carrascos
E ao açoite, ao escárnio e às cusparadas,
Mostrando-nos a insensatez da injustiça,
Da prepotência, da inveja e da covardia.
Por fim, ainda jovem, como milhares de jovens
Que amanhecem sem vida, sem amanhã
Nas beiras de estradas, malas de carros
E terrenos baldios, terá o corpo preso a uma cruz,
Entre delinquentes, a nos mostrar o destino comum,
A identidade entre indefeso e carrasco,
Presa e predador, vítima e agressor,
Todos muito iguais porque filhos do mesmo Criador.
E quando pensarmos que partiu,
Está longe ou não mais existe,
Descobriremos que insiste e persiste
Em cada um de nós, livre e pleno em alguns poucos,
Encarcerado e sangrando ainda no peito da maioria,
Mas pronto para perdoar e abençoar
E anunciar que todo dia pode ser natal.
EDITAL
Saibam tantos quantos
Estas minhas palavras lerem
Ou delas tiverem conhecimento,
Que daqui a uma semana nascerá um menino.
E dele emanarão todas as forças capazes
De nos fazer homens e mulheres melhores.
E todo aquele ou aquela que se encontrar em dúvida
Terá nele o exemplo perfeito e correto
Para pautar com segurança os próprios passos
No caminho da paz, da segurança e da felicidade.
Dele dir-se-á e se escreverá muita coisa,
Entre exageros, invenções e omissões,
Mas, depois de tudo, sobrará ainda o maior de nós,
Aquele que caminhou na lama, mergulhou na lama
E se ergueu incólume, limpo, sem manchas
E sem máculas, sem uma nódoa sequer,
Para mostrar que o mal é exterior ao homem,
Que basta não se deixar contaminar.
Parecerá um menino comum entre meninos comuns,
Brincando, aprendendo, observando...
Com o olhar doce e calmo dos predestinados.
Ainda adolescente desafiará os sábios
E mostrará sapiência incomum para a sua idade,
Para o seu tempo: a sabedoria dos iluminados;
E adulto carregará a mansidão dos cordeiros,
A coragem dos heróis, a resignação dos fortes.
Com palavras duras e gestos contrariados
Desafiará os mercadores dos templos,
Que persistem entre nós até hoje,
E denunciará os falsos profetas,
Que ainda hoje insistem em profetizar falsamente.
E negará os falsos deuses, os deuses do ódio e da vingança;
Os do comércio e do luto, das tragédias e tempestades,
Os falsos deuses tão anunciados e cultuados,
A nutrirem-se dessa nossa triste realidade cotidiana.
Em aparente contradição se curvará aos carrascos
E ao açoite, ao escárnio e às cusparadas,
Mostrando-nos a insensatez da injustiça,
Da prepotência, da inveja e da covardia.
Por fim, ainda jovem, como milhares de jovens
Que amanhecem sem vida, sem amanhã
Nas beiras de estradas, malas de carros
E terrenos baldios, terá o corpo preso a uma cruz,
Entre delinquentes, a nos mostrar o destino comum,
A identidade entre indefeso e carrasco,
Presa e predador, vítima e agressor,
Todos muito iguais porque filhos do mesmo Criador.
E quando pensarmos que partiu,
Está longe ou não mais existe,
Descobriremos que insiste e persiste
Em cada um de nós, livre e pleno em alguns poucos,
Encarcerado e sangrando ainda no peito da maioria,
Mas pronto para perdoar e abençoar
E anunciar que todo dia pode ser natal.
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