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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Lareira acesa…Meia noite, quase…


Maria Elisa Ribeiro
Lareira acesa…Meia noite, quase…
Num recanto de beleza ímpar, frente ao fogo que me aquece, na intimidade do meu pijamazinho verde-escuro, desdobro-me em meditações à medida da necessidade expressa das Emoções. Sinto o calor das achas acesas e vejo, em cada chama fulgurante, um momento de tensão.
Oiço, na TSF, a música suave do “OCEANO PACÍFICO”…
Não é música clássica…é música que alegra a noite!
Ali, do outro lado da sala, estão SCHUBERT, BACH, DEBUSSY, MOZART…Sabem que conto com eles, no momento aprazado…
Assim, só…vêm-me à cabeça, por força dos comandos naturais da Emoção, pensamentos que trato por “tu”, nos momentos de solidão. São reflexões…são dramas do meu interior postos a nu, problemas íntimos para os quais conto com a “solene” companhia do meu gatão, o meu “PISCO”, um dos ditos animais sem inteligência, que, confortavelmente espraiado pela carpete, vai dormitando, quentinho também, em cima dos meus pés, que lhe dão a certeza da minha presença mística. Lembra-me o” reverendo BONIFÁCIO” do clã MAIA, da obra”OS MAIAS”, de EÇA DE QUEIRÓS…
Pego nele, de quando em vez, afago-lhe o pelo grosso, ele sente-se regalado e regala-me a vista e o coração…Por momentos, esqueço a terrível solidão…Mas depois, parto para a aventura do meu passeio interior dissertando sobre os momentos menos alegres, ao sabor do silêncio da noite na minha casa, que transpira as minhas inquietações.
Amo, apesar de tudo, estes momentos de solidão, que a música da noite me proporciona ao sabor das ondas da rádio…
Apaguei o PC, desliguei a NET onde pululam tantas outras almas sós, que se acalmam, tão pobremente, com uns ursitos e uns beijitos que lhes vão mandando os seres virtuais, em que acreditam…
Estava a ler C.DRUMOND DE ANDRADE… (…) “A FEDERICO GARCIA LORCA”-“sobre teu corpo, que há dez anos/se vem transfundindo em cravos/ de rubra cor espanhola/ aqui estou para depositar/vergonhas e lágrimas. / (…)”
Mas acabei com esta tarefa! Decididamente, quero que o mundo, para o qual irradio, “sinta” a dor de pensar, a tristeza do passar despercebida, a infinitude/finitude do PASSADO que é, hoje, PRESENTE!
Na “SIC Notícias”, está o jornalista/apresentador de serviço, a dar as mesmas monótonas notícias das últimas 24 horas…SOLIDÃO!
Não posso desabafar com ninguém esta dor de ouvir, a todas as horas, o mesmo cenário de desilusão perante a crise, perante uma sociedade onde os valores da formação do homem estão completamente invertidos, a mesma bacoca e ofensiva convicção de Sócrates de que “está tudo a correr bem”, o número de falências e os desempregados a aumentarem, o triste caso BPN, os dinheiros do suor dos portugueses, velhos e desamparados, de que a “trupe “ precisa para se salvar, ao sabor de uma justiça flutuante, que se move para um lado e outro, sem poisar onde deve….
Cá dentro do meu “muro”, é a tristeza da noite só, que fala…São os anos que passaram no contexto da vida natural, daquela que fez com que eu Existisse para ALÉM de mim, que me fazem sofrer nesta melancolia de abandono. Sensação hostil e massacrante…
Longe, nas cavernas de um qualquer IRAQUE, IRÃO, AFEGANISTÃO, uma qualquer mulher dá à luz no meio da maior solidão, do maior terror, sem poder gritar….sem assistência médica…lavando o pequeno ser com as lágrimas do desespero, fugindo da malvadez animal que a pode ferir…HOMEM-ANIMAL-TERROR!
E as crianças e mulheres do DARFUR, violadas como gado, tal como no massacrado HAITI…
De que me posso queixar EU, afinal? se posso ser livre de rir ou chorar ,em frente da minha cómoda lareira??????
SOLIDÃO...É NÃO VER A VERDADEIRA SOLIDÃO!
E tornam-se negras na alma as nuvens da auto-comiseração…
Reagir é preciso! O mundo morto precisa de almas vivas…e sou capaz de viver para além destes muros de separação…O resto não importa, quando se sabe do viver triste de quem se sente só, como eu, à lareira…
A solidão pode ser estar num bosque desarborizado…não ver o mar a “barulhar”…pode ser uma criança de mão estendida, a pedir… pode ser, ter que rir no circo da vida… ouvir uma voz funda que não fala, mas vai subindo de uma distância infinita, do coração para os olhos com o poder de abafar as melodias dos tenores, dos violinos, de orquestras inteiras, a encherem uma casa…
Chove copiosamente. Duro Inverno da Terra e do sentimento…Continuo à lareira…E penso: não sei quando deixei de ser criança, mas, de certeza, foi aí que começou esta dor que não finda, que faz eco cá dentro, como o que a chuva e o vento fazem lá fora…Já lá vai tanto tempo…
Vou parar de escrever SONHOS, pois a ESPERANÇA é uma coisa terrível que nos mantém a viver noutro lugar…um lugar que não existe…ESPERANÇA…PARADOXO DE DESESPERO?
Sinto uns braços à minha volta…É a VIDA, colada à minha pele com toda a paixão! Quero e devo corresponder-lhe, com responsabilidade e amor! Impõe-mo, a minha DIGNIDADE!
A música que tenho estado a ouvir e que me inspirou, caiu-me em cima como uma rede…
Ocorre-me este pensamento de UNGARETTI:”Amo as minhas horas de alucinação…e também as de vadiagem, de imaginário perseguido no ÊXODO, para uma terra prometida…”
E sinto sono…Vou dormir e esquecer que podemos ser sós , estar sós, acordar sós…


Maria Elisa-10/ jan/o11(REP)

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