Retratos - Anderson Gouvêa

TERCEIRO LUGAR
"POEMA DA SEMANA" 3/2013
25.01

 

 

 

Anderson Gouvêa

 

Retratos

Era uma vez,
pois os segundos passaram,
pararam ao ver que existia no mundo,
um menino que estava quase mudo.

Por isso ouviu:

-Mude o ponteiro,
O tempo tem que continuar,
mas não importa quanto tempo passe,

saiba que vou te esperar.

Pois nasceu pra mostrar para o mundo,
que existe um lugar repleto de vida,
o qual estou esperando você retornar.

Pai,

não sou grande,
e tenho sorte de ser pequeno,

mas quando abro meu livro,
fico triste,
pois lembro que pelo fato de ser pobre,
tiraram de mim quem eu amava.

Lembro que busquei de coração puro,
esperando amar e, ao mesmo tempo ser amado.

Mas não tenho riquezas aqui na terra,
por isso fui tratado como lixo,
vendo meu sonho partindo,
sem ao menos dizer:
fica comigo.

Conhece melhor do que eu meu próprio coração,
por isso tenho medo de dizer que não existe continuação,
medo de dizer que é hora de esquecer,
e esperar um outro amor aparecer,

pois aprendi que o impossível pode acontecer.

Olho o relógio e pergunto:
Quanto tempo eu perdi?

Sai de casa,
levando no coração meu tesouro mais valioso,
que é sua Palavra,
por isso mesmo quando tudo parece perdido,
eu sei que existe um caminho.

Mas não sei quando tempo perdi,
entre ilusões,
caminhos escuros,
repletos de enganos,
que podem devorar uma alma num piscar de olhos.

São tantas as maldades desse mundo,
que meu coração dói,
chora escondido,
procurando compreender:

Por que não querem viver?

Autor: Anderson Gouvêa
Livro: Retratos