BUENA DICHA
Gilberto Wallace Battilana
Quisera conhecer o meu destino,
o meu futuro, por inteiro.
Quisera ser verdadeiro,
não o louco que brinca com as navalhas dos dias.
Meço a vida com a sensibilidade de um calendário
que tem as folhas arrancadas e jogadas ao lixo;
em nenhuma delas os meus sentimentos,
só os meus aniversários, e poemas a escrever.
Ah, como sou prolixo.
Por isso esse cansaço,
como se trouxesse a vida nos braços,
filha a quem a mãe se recusa a embalar.
Sim, eu sei que Freud, que Jung, que a psiquiatria...
mas eu, eu me olho no espelho da Poesia.
Com a limpidez da sua lâmina recorto minha face amarga
e, na profundez das suas águas lavo as minha mágoas
jogando fora a carga, o que pesa, o que curva os ombros;
deste mergulho retorno renovado,
mas, logo, volta a dúvida, a vida, a carga...
Cigana, diz-me a buena dicha, lê a minha mão,
desvenda o meu destino, aplaca o meu coração.
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