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sábado, 10 de novembro de 2012

XADREZ






"Passei a vida inteira a querer interpretar-te - oh! delicioso desperdício!- e nem sequer era por amor." Inês Pedrosa em "Fazes-me Falta" Pág.19 # Editora Alfaguara.
Também nós o fizemos, no jogo de xadrez interminável que esgotava nossas emoções já tão gastas e miúdas. Lá, nas nossas noites confortáveis, sentados nos sofás macios da varanda que planejáramos em cada menor detalhe no tempos do amor e da construção.
Nenhum de nós dois conseguia vencer, ou ao menos compreender a batalha medieval que saía do tabuleiro para a nossa vida real.
O xeque-mate, o rei morto, nunca morreu. A glória da vitória não foi minha ou tua porque o jogo terminou sem terminar. Nem os mestres russos poderiam se movimentar incólumes no quadrado bicolor encharcado de uísque, vodka e lágrimas.
...
Lágrimas minhas, tuas também. Insolúveis no caldo da noite sem arremate.
Choravas, rei sem caminhos, diante da rainha de vestes esfarrapadas, que arrastava seus mantos para longe de ti. Perda de tempo. A guerra se transformou em nosso sonífero.
A corte bocejava, enquanto os cavalos pisoteavam tudo o que ainda pudesse restar ereto; e até os peões, derradeira linha de esperança, se viram esmagados pelo nosso cansaço.
Amor logo não era, se é que algum dia o fora; pois todo amor é feroz...Se o nosso, verdadeiro fosse, daria um tapa no tabuleiro e cataria as peças pelo chão.


 

Terê Oliva.
Teresinha Oliveira

Tela de Liana - Pintora Russa.

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