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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Partirei - FONSECA Manuel Dias da



Partirei

Mesmo sòzinho
irei à procura da árvore marítima
que me pertence
Oh mundo de cinza e de esperança perdida!

Partirei

Partirei como quem se desprende.
Mãe: a porta abriu-se misteriosamente
quando dormias.
As montanhas são verdes
e o mar é maior do que o meu coração.
Porque não falaste dos frutos proibidos?

O pão e a liberdade são brancos,
simples e brancos,
como as areias.
Há uma melodia escondida não sei onde,
que eu ignoro mas conheço.
Sinto-a como se tivesse um pássaro nos olhos!

Esta é a rapariga mais frágil da casa:
parece uma pomba voando no nevoeiro;
por isso a amo ardentemente.
Adeus pedras rosadas, vidros
e barcos de papel.
Adeus querido irmão,
meu companheiro único desde os cinco anos.

Para ti criança de cabelos líquidos,
deixo aquela praia clara,
que descobriste nos meus abraços.

Agora sou homem e árvore.
Agora posso desenhar a madrugada.
Mas isto é ainda muito pouco.
Partirei.
Esta é a minha única certeza.

Manuel Dias da Fonseca

in Solidão Povoada (1953)

www.bibliothequeduvalais.blogspot




Homem que dedicou a sua vida a amar a música e a dá-la a conhecer, sem esquecer que foi um excelente professor de física do ensino secundário.
Manuel Dias da Fonseca nasceu em Matosinhos no dia 5 de dezembro de 1923. É um homem invulgar, seguramente um dos grandes intelectuais do século XX português, que uma permanente e militante discrição deu o exclusivo da sua atenção aos amigos, aos alunos, aos sobrinhos, a muitos e muitos jovens e a muitos e muitos públicos anónimos que ajudou a construir e a crescer.
A música clássica foi sempre a sua companheira. O Manuel Dias da Fonseca é um grande melómano: verdadeiramente culto, ouviu tudo, leu tudo, compreendeu tudo. A sua discoteca e biblioteca musical foi local de descoberta, de surpresa, de prazer, construída ao longo de décadas com uma sabedoria e abertura imensas, verdadeiro oásis de quem procurava ou de quem estava disponível para ouvir.
Foi e é um homem do seu tempo. Sempre jovem, sempre atento ao que se faz hoje, muito pouco dado às nostalgias do passado. É também por isso que os seus amigos são sempre jovens. E quantas gerações sempre renovadas tiveram nele o Professor, o Pedagogo, o Amigo.
Democrata no sentido mais etimológico da palavra. Na política, na cultura, nunca usou a sua poderosa memória para impor mas sim para abrir mentalidades, para lembrar que há sempre um outro, ou outros.
O seu percurso foi muito o de um Sócrates: provocar a descoberta, lembrar sempre que pode ser de outra maneira, promover a procura para confirmar a diversidade. E como bom sábio dava sempre as pistas necessárias. É por isso que se aprende com ele, é por isso que nenhum aluno o esqueceu.
Com a música no centro, ao arrepio da elite portuguesa, pouco dada às músicas, nenhuma disciplina lhe escapou, como grande intelectual que é: as artes, a filosofia, as ciências, as literaturas, a política, a história, o cinema. Publicou três livros de poesia, há muito esgotados: A solidão Povoada, 1953; A noite, um dia, um rio, 1956 e Talvez origem, 1976
Nos anos 80 assumiu o Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos, numa altura em que a cultura estava arredada das preocupações autárquicas. Desassombrado, Manuel Dias da Fonseca, entregou-se de corpo e alma às funções de autarca, criando públicos, definindo estratégias. A sua ação e determinação, deram frutos, frutos que chegaram até aos nossos dias.
Foi pelo seu percurso como autarca, intelectual, e cidadão, e pela consciência do seu inegável e justo prestígio, que a Câmara Municipal de Matosinhos lhe atribuiu, em 21 de maio de 2007, a Medalha de Honra, em ouro, e o título de cidadão honorário de Matosinhos

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