Poema: Nobre Amor
Autor: Uili Bergamin
Narração: Raissa Costa
Ilustrado por: Alunos 4º ano B
à cavalaria andante não mais pertenço
aposento os sonhos de conquistar o mundo
cinjo-me agora de outros mais sólidos
encontrei o que não há em terra alguma
és tu a princesa dos meus encantos
o tempo de espera já se passou
chegou o momento da realidade
que é mais belo que o sonho que tive
é com amor infinito que te amo
teu semblante meigo dá-me vida
sejamos almas a comungar
és o céu onde posso chegar
bebemos juntos um despertar idêntico
declarações desafogam minha alma
teus beijos são carícias de vento
que animam meu espírito sedento
por teus olhos subo a torre do castelo
pelos lábios afronto exércitos inteiros
iria ao inferno por teu coração
deixo tudo o que de ti não há nada.
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Quase
Uili Bergamin
a vida é uma sombra errante
o sonho triste dum comediante
que se pavoneia tanto, tonto
caindo sempre, a todo instante
e no minuto que lhe reserva a cena
sonha, se envaidece
chega a dar dó
chega a dar pena
para depois não ser mais ouvido
cair no abismo
para sempre esquecido
é um conto de fadas sem importância
que nada significa
mas que no auge dessa louca dança
no meio frêmito dessa ânsia
faz brotar uma pompa típica
é só um discurso tépido narrado
um canto longe meio mal cantado
por um idiota cheio de lamúria
por alguém que pensa ser algo
por uma voz cheia de medo
e fúria
a vida é uma sombra quase
a vida é um sonho quase
e se a vida é mesmo sonho
os sonhos, sonho
quase
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Monomelodia
Uili Bergamin
não canto quando quero
mas quando preciso
não quero quando canto
este canto indeciso
meu canto sai insano
embriagado, palpitante
meu canto é de tristeza
estou triste nesse instante
um primor de simplicidade
meu canto, meu coração
quer que eu cante
quer que eu cale
diga logo: sim ou não
e esse nosso ouvido humano
sempre atento, em verdade
ouve a ave desgraçada
cantando para eternidade
esta que perdeu os filhos
e canta igual
como outros dias
canta
pois nada mais sabe
nem outras melodias
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Obstinação
Uili Bergamin
pensar incomoda como andar à chuva
quando o vento cresce e
parece que chove mais
não tenho ambições nem desejos
ser poeta não é ideia minha
é apenas uma maneira de estar sozinho
e com todos ao mesmo tempo
mas se desejo, às vezes
por imaginar, ser cordeirinho
ou ser o rebanho todo
perdoem-me, sou falho
procuro esquecer o que aprendi
olvidar a lembrança
do que me ensinaram
e queimar os livros em que escreveram
todos os meus sentidos
então gozar emoções verdadeiras
descobrindo meu ser real
para tornar-me mais humano
e divino
assim vivo e escrevo
ora bem, ora mal
ora acertando o que quero dizer
ora errando
mas seguindo sempre em frente
como um cego teimoso
teimoso em descobrir a luz
só assim serei alguém
pois é exatamente assim que sou
filósofo, poeta, eu
o homem
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