Eu, irmãos, também tive um sonho lindo
Todo feito de graça juvenil...
Mas desfez-se o meu sonho,
Que os outros o tornaram infantil.
E eu não fui advogado teatral
Da possivel quimera que sentia!
Fui antes pobrezito de bornal
Descrendo das palavras que dizia.
Meu sonho findou já.
Dele não tenho mais que uma lembrança,
A dormir brandamente no meu peito...
-Tão débil é a esperança
De o ver ainda satisfeito.
Por vezes a saudade quer lembrar-mo
E avisto então um quadro já sem formas,
De belas cores, nunca vistas:
- Minhas lágrimas quentes, hoje mornas,
Foram as tintas de água a escorrer
No quadro que parece ser
Pintado só de riscas...
Mário de Castro Correia
in Renúncia Poemas (1952)
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