Faz hoje sete janêro,
que eu dêxei o Ciará,
e rumei lá pró Amazona,
a terra dos siringá.
N’aquelas mata bravia,
lá, nos centro arritirado,
as arve tem munto leite,
mas nós já tâmo cansado!
O inverno, n’aquele inferno,
é uma grande infernação!
No inverno não se trabaia,
que é o tempo da alagação.
Isperei. Veio o verão.
É mais mió não falá!...
Tu qué sabe, meu amigo,
o que é os siringá?!
É trabaiá... Trabaiá!
É um hôme se individá!
É vive n’uma barraca,
n’um miserave casebre
e sé ferrado da febre,
que anda danada prú lá!
É trabaiá, trabaiá,
dendê que rompe a minhã,
prá de dia sé chupado
pulo piúm, que é marvado,
e de noite sé sangrado
pulo tá carapanã!
É um hôme dá todo o sangue
pró mardito do piúm,
e vortá mais disgraçado,
cumo eu — o Chico Mindélo,
duente, feio e amarelo,
cumo a frô do girimúm.
Ansim, lá dos siringá,
no fim de três, de três ano,
sem um vintém ajuntá,
ia vortá prá Manáu,
tândo fixe na tenção
de Manáu vim pró sertão
do meu quirido Ciará.
Apois!... siguindo os consêio
que me dava o coração,
arrêzôrvi não vortá!
_________
N’um terreno, im ribancêra,
na bêra mêmo do rio,
despois d’um ano gastado
de trabaio cum o machado,
prá aquelas árve gigante
na derrubada quêmá,
incoivarei um roçado
e cumecei a prantá:
feijão, mio, mandioca,
e fui filiz no lugá.
A terra era munto boa
prá fazê um roçadao:
tão boa, que era percizo
vivê cum a inxada na mão!
Se um hôme mamparriasse,
a imbaúba, a gitirana,
o mata-pasto, a caíva,
o taxizêro danado,
o taquarí... n’um instantinho,
tudo cubria o roçado.
“Cabôco Onça” era ansim
que eu ali era chamado.
Apois, no fim de dois ano,
cumpade, eu já pissuía
umas cabeça de gado!
Mas porém, meu véio amigo,
tudo o que hoje o hôme faz,
n’outro dia Deus disfaz!
_________
Ouve. Um dia, Zé Pacú,
indo a Igarapé-Assú,
onde tinha um ajury,
levou cum ele uma fia,
que se chamava — Maiby.
O pagode, a festa, o samba,
era im casa d’um rocêro
de nome: — Antônio Truamba.
No pagode do Truamba,
chorei tanto na viola,
de noite inté de minhã,
que a fermosa cunhatã
teve uns caído prá mim!
óia, a coisa foi ansim.
A cabôca fez premessa
de nunca mais me isquecê!
Que pena não sabe lê!
Ela disse tanta coisa,
tanta palavra bunita,
que eu, inté, nem sei dizê!
Nunca tive tanta pena
e tanta malincunia
de não sabe inscrevê!
Agora váincês me diga:
o que havéra eu de fazê?!
A festa tinha acabado!
Eu táva discambimbado!
Na hora que toda gente
já táva se adispidindo...
a muié táva chorando!
Vendo a muié saluçando...
fui assuntando... assuntando...
e... despois, arresôrvi!
Pidí a mão de Maiby!
Nos óio dos cunvidado
correu uma ispantação!
A cara dos namorado
de Maiby, n’aquele instante,
ficou taliquá se visse
uma grande assombração!
Maiby ficou tão contente,
quando o pae, arrêzôrvido,
no meio de toda gente,
sastifez o meu pidido.
Eu não quiria!... É verdade!
Mas porém, era mardade,
era mardade e perrice
não crê n’aquelas denguice
d’uma muié adorada,
nem nas coisa que jurava
cum a sua palavra honrada!
Apois, ficou ajustado
que, despois de mais dois ano
de trabáio no roçado,
nós havéra de casá.
Despois da festa acabá,
a festa do seu Truamba,
uns prá aqui, outros prá lá,
cada um siguiu viage.
*
A barraca do Pacú,
do véio pae de Maiby,
ficava lá da outra marge,
da outra banda do rio,
n’um bunito massapês.
Só de três mês im três mês,
eu fazia a travessia,
(duas hora de canoa...)
prá í vê a curumim,
e só quatro mês fartava
prás coisa chegá no fim.
Zé Pacú dava um pagode
no dia oito, im Dezembro,
que é o dia da Cunceição.
Cum rézão ou sem rézão,
João Capixaba, um caúchêro,
das banda de Saíré,
me contou que a cabôquinha,
n’uma festa, im Caeté,
no dia de S. João,
só c’um vaquêro dançou,
e prú via disso a festa
im tempo quente acabou!
Dei tempo ao tempo: isperei.
O dia oito chegou!
“Vamo vê”, disse cumigo,
“se o cabra não me inganou”.
*
N’aquele braço da costa,
de todo lado se via,
atupetada de gente,
as canoa, as montaria.
Vinha descendo um Gaiola.
Peguei na minha viola,
e dicí pulo barranco!
A lua, branca arupêma,
toda redonda e cheínha,
penêrava lá de riba!
E o rio táva tão branco,
cumo um montão de farinha!
Remando n’aquela hora
prá barranca da outra marge,
um bando de montaria,
carregando os cunvidado,
foi siguindo de viage.
O Pacú era quirido
e cunhicido de tudo!
Vinha gente inté de longe,
lá das banda do Serudo.
Nunca vi tanta canoa
atupetada de gente!
As água mansa do rio
se ria inté de contente!
A noite táva bunita,
cum seu vistido de chita,
da cô da frô dos ipé!
A noite infeitica a gente,
pruquê a noite é uma muié!
Ansim, bunita e fermosa,
cum uma saia toda azú,
cheguei a pensá que a noite,
a noite da Mãe de Cristo,
tinha sido cunvidada
prá festa do Zé Pacú!
Sartei no barco velêro,
e a viola temperando,
bejei as águas do rio,
e fui cantando e cantando:
“Nosso Sinhô, quando andava
pulos dizerto, a rezá,
gostava de uví São Pedro
na viola puntiá.
São Pedro diz que a viola
foi feita, n’um disafio,
da canoa im que ele andava
cum o Cristo a pescá no rio.
Não foi feita da canoa,
mas porém da sua cruz!
A viola ainda sofre
tudo o que sofreu Jesus!
Quando Deus fez a viola
e cumeçou a cantá,
seu coração ficou roxo,
cumo a frô do manacá!...
Deus é o rei dos violêro,
quando canta o seu amô,
nas corda santa da lua,
que é a viola do Sinhô!”
E fui remando... remando...
E há duas hora eu remava
e um bom cigarro pitava
de páia de tauary,
quando abispei a barraca
do véio pae de Maiby.
Mais umas duas remada
e, entonce, filíz, cheguei!
No porto, entre as canarana,
a igarité amarrei!
Ali, na bêra do rio,
manso, cumo uma lagoa,
os cunvidado da festa
vinha chegando e sartando
d’uma prução de canoa.
Nunca vi tanta canoa,
atupetada de gente!
As água mansa do rio,
todo inrugado, increspado,
se ria inté de contente!
A casa táva no arto!
Pulo um caminho insombrado,
assubi pulo barranco!...
Isvisguei pulo terrêro!...
Quebrei do lado da mata,
onde tinha um assacuzero!...
A barraca do cabôco
táva toda inluminada
e quage toda afogada
n’uma moita de abiêro!
Nas pórka e warsa e quadria,
a dança táva animada!
O som da frauta e a viola
se misturava cum o chêro
das fulô d’um jasminêro,
que intrava pula jinela!
A Mãe de Cristo, tão bela,
n’um óratóro infeitada,
táva no meio das vela,
morena e toda istrelada,
rezando, cumo uma istrela,
na boca da madrugada!
De repente, im toda a festa,
nem um rumô mais se uvía!
O nome d’ela — Maiby, —
de boca im boca curria!
Um matêro ou um seringuêro,
bateu parma no terrêro,
e fez prá tudo um siná.
Era o samba e era ela,
era Maiby quem prêmêro
no samba vinha sambá,
Do lado da caiçara,
na quina da ribancêra,
me iscundi atraz do tronco
d’uma véia piranhêra.
Quando avistei a cabôca,
quage chorei de verdade!
Ai, meu Deus, cumo é bunita
a morte d’uma sôdade!
As viola gemeu de novo,
e ela se-pôz-se a brincá,
tremendo n’um miudinho,
sem se arredá do lugá!
Ao despois, a sala toda
correu n’um sapatiado,
disafiando prá dança
os pobre dos cunvidado,
que logo baxava os óio,
ansim cumo invregonhado.
As cobôquinha, inciumada,
já não pudia mais, não!
Quando os noivo se assanhava,
elas ferrava nos braço
dos seus noivo um biliscão.
Maiby quebrava no côco
cum tanta requebração,
que se a Mãe de Deus sambasse,
tarvez que váíncês jurasse
que quem sambava era Ela!...
A Virge da Cunceição!...
A Mãe de Deus, do Sinhô!
Nisto, um roquête de parmas
im toda sala istrondou!
Foi quando, entonce, um vaquêro,
ainda moço e temêro,
prá riba d’ela imbicou!
De camisa toda branca,
cum o peito todo arrufado,
no pescoço axamurrádo
um lenço cô de limão...
butão de ouro nos punho!...
Purriba das carça nova
um pesado correntão...
O cabra, remunhetando,
castanholando cum as mão,
imbigando prá morena,
requebrava as suas pena,
no requebrado das perna,
zunindo, cumo um pinhão!
Quando o vaquêro cansava,
ela os pézinho apressava,
que nem si via os seus pé!...
Quando o vaquêro avançava,
ela ia arrecuando,
fugindo, cumo a marrêca
da boca do jacaré!...
Se o vaquêro abria os braço,
atirando uma laçada,
Maiby fugia do laço,
sortando uma gargaiadaí
E agora é que ela dançava
e os musgo a musga apressava
e ela sambava, sambava,
sem um momento apará!...
“Ai, meu tempo!” n’um gimido,
gritava as véia aculá!
Xingava as véia os marido,
que alevantando os pescoço,
xingando tombém as véia,
dava parma, cumo os moço,
vendo o demônio rodá!
Deus me perdoe a hirizia!
Mas porém, eu vi a Santa,
eu vi a Virge Maria,
batendo parma do artá!
O vaquêro, arrenegado,
ficou n’um canto, isbarrado,
capiongo, discunchavado,
sem quáge pudê falá!
Tinha cansado o marvado!
Já não pudia sambá!
E o pae, óiando prá ela,
e achando a fia mais bela,
acendeu o seu cachimbo,
e... era pae... pôs-se a chorá!
*
Entre as nuve de puêra,
a cabôca paricia
taliquá uma nuvia,
saindo dos capuêrão,
doida, às tonta e às marrada,
fugindo, entre os ispinhêro,
d’um valente boiadêro,
pulos mato do sertão.
Entonce, currupiando,
sem tomá fôrgo na dansa,
a móde cumo criança,
abria a boca dengosa,
e entonce a língua trimía
entre os dente da cabôca,
querendo saí da boca,
cumo uma cobra de rosa.
Os dois copuassú moreno,
maduro, fresco, fermoso,
dois curumim vregonhoso,
que ninguém pudia vê,
prú báxo d’aquelas renda,
tinha o chêro, inda quentinho,
da boca d’um bizerrinho,
quando acaba de nacê.
Os pézinho da cafuza,
que se tu visse, chorava,
não dançava, parpitava,
taliquá dois coração!
Tão leve, que paricía,
n’um roda de carrapêta,
um casa de barbuleta,
brincando rente do chão!
Os óio, que tinha o fogo
das tarde, quando se intôna,
tinha no fundo a beleza
de toda aquela tristeza
que tem o rio Amazona.
Não tinha boca!... Era a boca
uma gaiola de sangue,
adonde, quando falava,
a gente logo iscutava,
saluçando, um irachué!
Mas porém, quando calava,
pidindo, tarvez, um bêjo,
ficava a boca mais roxa
do que a frô do mururé.
Um bêjo naquela boca
era um má, que não tem cura!
Se tinha a doce frescura
da sombra das quixabêra,
tinha a frevura do bêjo,
que o rio, vindo dos cume,
arrebenta no ciúme
da boca das cachoêra!
Ai! os cabelo!... Os cabelo,
que às vez, n’um riviramento,
tapava a cara da dona,
n’aquele adivértimento,
era preto, cumo o sonho
d’um cego de nacimento!
Quando um momento aparava,
dêxando o suó moreno,
cumo os pingo de sereno,
prú todo o corpo corrê,
a sala ficava cheia
desse ôrôma que se sente
do chêro da terra quente,
quando cumeça a chuvê.
Ansim, quando ela sambava,
uma rosinha amarela,
que táva ainda im butão,
caiu dos cabelo d’ela,
amachucada no chão.
Os musgo, tudo suado,
cum os óio de urúiáuára,
os insturmento aparou!
Entonce, o cabra sarado,
de venda de ripolêgo,
do chão a rosa panhou!
A cabôca, óiando os musgo,
que ainda táva cansado,
cum as língua toda de fora,
de tanto e tanto tocá,
deu um muchôcho brejêro,
fez um ixe — pró vaquêro,
e introu de novo a sambá,
cumo a fôia do trapiá,
que o vento brabo da serra
vae rolando, pula terra,
n’um currupio inferná!
E as parma ainda istralava,
no meio da cunfusão,
quando se uviu um baruio,
que paricía um truvão!
Todo o mundo prá barranca
naquele instante correu!...
A noite táva mais branca
que Jesus, quando morreu!
O cabra, fazendo infuca,
pruveitando a cunfunzão,
fez um bico prá cabôca,
e deu um bêjo na boca,
um bêjo!... Sim!... Mardição!
João Capixaba, o cauchêro,
não mintiu!... Tinha rêzão!...
Era o vaquêro mardito
da festa de Caeté,
da festa de São João!...
“O que foi, gente, o que foi?!”
todo o mundo preguntava
pró pae, que lá da barranca,
já sastifeito vortava,
a gritá:
“Vamo!... Vamo! Minha gente!
— Não dêxa a festa isfriá!
— Não foi nada!... Não foi nada!...
— Foi coisa munto sabida!
— Arguma Terra Caida!...
— Toca a ri!... Toca a sambá!”
Na verde guarapiranga
chorava um camêtaú!
Agora é que se isquentava
a festa do Zé Pacú!...
Saindo detraz do tronco
da fermosa piranhêra,
rumpi pula tacaniça!...
Dicí pula ribancêra!
Uma tuada sôdosa
nos gimido das viola
se misturava cum o chêro
das fulô do jasminêro,
que vinha lá da jinela.
Arguem cantava!... Era ela!...
Rasguei cum o quicé a corda
da igarité!... Imbarquei!...
Baxinho disse um segredo
pró rio!... E remei!... remei!..
Cada vez remava mais!
Só despois de munto tempo,
aparei... e ôiei prá traz!
A barraca inluminada,
cum a musga, que inda se uvia,
longe, longe... munto longe,
cumo uma istrela... murria!
O céo, de todos os lado,
paricia uma tigela
cum o fundo azú imbórcádo,
todo ismartado de novo,
adonde a lua, tão bela,
ia boiando, amarela,
cumo uma gema de ovo!
Já trazia de viage
duas hora, bem puxada.
Lá, prás banda do Nacente,
entre as suas cumpanhera,
n’outra festa inluarada,
sambava a mais feiticêra
das istrêla amorenada,
essa Maiby dos incréu!...
Essa cabôca do céo: —
— A istrela da madrugada!
Entonce, pequei do remo,
rasguei as água do rio,
que, fazendo um arripio,
do sono d’água acordou.
Remei!... Remei!... Fui remando!...
E... não cheguei!... Foi somentes
a canoa que chegou!...
Neste sertão do Ciará,
onde naceu nossos pae,
filizmente, ninguém sabe
que coisa é terra que cáe!...
Aquele instrondo, de longe,
que lá na festa se uviu,
foi quando a terra, essa ingrata,
a minha terra adorada,
farciou!... tremeu!... caiu!
Os juaí, as bacabêra,
os coité, as laranjera,
as moita de cacáuêro,
os verde ginipapêro,
os grande canarassú,
adonde todas as tarde
cantava um iapurú...
as fermosa mongubêra,
as mongubêra inda im frô...
a juruparipirêra,
que táva im frente da choça...
a criação... gado... roça...
tudo o rio me levou!
Mas, que isso, minha gente?!
Váíncês tudo ficou triste,
despois que a históra acabou?!
Tristeza não dá vantage!
O que passou, já passou!
....................
....................
Deus, que um dia fez o hôme,
pula sua santa image,
fez o nosso coração,
cumo as frorésta bravia
das terra virge... sarvage!
Virge, im suas mataria!...
Sarvage, im sua grandeza!...
Mas porém, que tem beleza
prá quem aprêcêia as coisa
mais grande da natureza!
Um dia, vem a muié!
A muié pega um terçado,
pega uma foice, um machado,
disgaia o mato fechado
das terra do coração!
E ao despois da derrubada,
despois do fogo — a quêmada —
a muié péga uma inxada,
cava a terra, bem cavada...
e samêia!... É a prantação!
Tudo quanto é frôração,
toda a frô que a terra cria,
tudo nace, ali, n’um dia,
onde táva a mataria
no fundo do coração!
Se a muié sabe que é ingrata,
prá quê vae mexe nas mata
daqueles grande arvoredo,
e quêmá, cumo um brinquedo,
o mato virge, cerrado,
iscuro e sêmpe fechado,
adonde não tinha intrado
a luz do Só, que é o Amô!?
É prá despois, sem rezão,
derruba prá toda a vida
o jardim do coração,
sem um tiquinho de dó!
Maiby!... Maiby me inganou!
O rio, n’uma treição,
o trabáio de seis ano,
as terra da prantação
im suas água levou!
Maiby!... Maiby me inganou!
Bem feito! Fui castigado!
Foi praga da minha terra!
E praga de Deus inté!
Mas peço à Virge Maria
que, cumo Muié divina
e Mãe de Jesus, perdoe
Maiby, que é tombém muié
Tudo foi uma inluzão!
Do jardim que ela prantou
nas mata do coração,
só véve agora uma frô!...
Só a Sôdade tem vida!
E o que é, meu Deus, a Sôdade?!
Sôdade é a Terra Caída
de um coração, que sonhou!
Catullo da Paixão Cearense in
MEU SERTÃO (1928) 6ª Edição
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Catulo da Paixão Cearense (São Luís do Maranhão, 8 de outubro de 1863 — Rio de Janeiro, 10 de maio de 1946) foi um poeta, músico e compositor brasileiro. A data de nascimento foi por muito tempo considerada dia 31 de janeiro de 1866, pois a data original foi modificada para que Catullo pudesse ser nomeado ao serviço público.
Filho de Amâncio José Paixão Cearense (natural do Ceará) e Maria Celestina Braga (natural do Maranhão)
Mudou-se para o Rio em 1880, aos 17 anos, com a família. Trabalhou como relojoeiro. Conheceu vários chorões da época, como Anacleto de Medeiros e Viriato Figueira da Silva, quando se iniciou na música. Integrado nos meios boêmicos da cidade, associou-se ao livreiro Pedro da Silva Quaresma, proprietário da Livraria do Povo, que passou a editar em folhetos de cordel o repertório de modismo da época.
Catulo da Paixão Cearense passou a organizar coletâneas, entre elas O cantor fluminense e O cancioneiro popular, além de obras próprias. Vivia despreocupado, pois era boêmio, e morreu na pobreza.
Em algumas composições teve a colaboração de alguns parceiros: Anacleto de Medeiros, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Francisco Braga e outros. Como interprete, o maior tenor do Brasil, Vicente Celestino .
Suas mais famosas composições são Luar do Sertão (em parceria com João Pernambuco), de 1914, que na opinião de Pedro Lessa é o hino nacional do sertanejo brasileiro, e a letra para Flor amorosa, que havia sido composta por Joaquim Calado em 1867. Também é o responsável pela reabilitação do violão nos salões da alta sociedade carioca e pela reforma da ´modinha´.
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