di pianti millenari
di ambizione civile
Salvatore Quasimodo
Em outros dias abandono a flor da cal
o furor luminoso da planície
com o olhar derrotado pelo sol.
Mas hoje acendo um dia para quebrar
a voracidade insuportável desse espelho
ombro a ombro
com pilares de sangue e suor que atravessaram
séculos de paisagens golpeadas
não cessando porém de florescer
por dentro do eco das fomes
no rigor de uma ambição
civil. quotidiana.
João Pedro Mésseder in
Uma Pequena Luz Vermelha (2000)
www.bibliotequeduvalais.blogspot.com tem 1 exemplar disponível de Uma Pequena Luz Vermelha (2000) (15€) para o adquirir ou saber mais sobre a obra mencione a intenção em comentários.
É autor de livros de poesia e de cerca de três dezenas de obras para crianças e jovens, repartidas pela escrita em verso, pelo álbum e pela narrativa – alguns dos títulos traduzidos para galego e espanhol. Está representado em antologias em Portugal, no Brasil e na Alemanha, e tem colaboração dispersa em diversas publicações.
Textos seus têm sido utilizados em espetáculos teatrais de grupos como Andante, Sopa de Letras, Renascer, teatromosca, Gisela Cañamero / arte pública e TIN.BRA - Teatro Infantil de Braga. Criou o texto principal para o espetáculo Lenheiras de Cuca-Macuca (2008) do Teatro e Marionetas de Mandrágora, com encenação de José Caldas. Vários dos seus poemas e outros textos foram musicados, interpretados e gravados pelo Bando dos Gambozinos , sob a direcção musical de Suzana Ralha, tendo Romance do 25 de Abril sido integralmente musicado por Pedro Moura e apresentado, sob a forma de opereta infantil, num espectáculo realizado na Biblioteca Almeida Garrett, no Porto, em 25 de Abril de 2007. Em 2010, por encomenda da Rádio e Televisão de Portugal, escreveu o conto Comédia italiana, a partir do quadro, com o mesmo título, de Columbano. Com base em ambos foi realizado um filme de animação.
João Pedro Mésseder estreia-se duplamente no campo da poesia e da literatura para a infância e a juventude no ano de 1999 com A Cidade Incurável e Versos com Reversos. A sua poesia é marcada pela brevidade formal, pela contenção e vigor verbais e pela exatidão das imagens, sugerindo mais do que diz. A sua poesia revela, não raro, uma reflexão sobre problemas sociais historicamente inscritos, como podemos ler em «Além Tejo, os Homens»: Em certos dias não enjeita a cor da cal. E cede ao incêndio da planície, com o olhar derrotado pelo sol. / Mas hoje acende um dia para quebrar a voracidade desse espelho. E caminha ombro a ombro com pilares de sangue e suor que atravessaram séculos de paisagens golpeadas. Mas nunca cessaram de florir por dentro da fome. No rigor de uma ambição civil, quotidiana.3 . Como referiu o crítico Ramiro Teixeira, os poemas de João Pedro Mésseder revelam uma espécie de retorno (...) ao âmago do ser, ao passado dado como de aprendizagem, logo reactualizado e expurgado com o fim de evitar o charco comum ou a exibição do ser dado em espectáculo. . No domínio da literatura para a infância e a juventude, a escrita de João Pedro Mésseder apresenta marcas de uma inevitável interferência da literatura oral, visível nos recontos e reescritas de textos tradicionais portugueses, que soube com mestria (re)inscrevê-los num tempo mais próximo do leitor jovem, fazendo uso de uma coloração verbal que quase dispensa os códigos não verbais obrigatórios in illo tempore, quando as histórias eram narradas por um contador à comunidade, mas também nos textos poéticos que espelham sequências numéricas, ritmos provenientes dos travalínguas. A brevidade marca igualmente presença na produção para os mais novos, através de aforismos, glossários, textos para álbuns de tipo narrativo e outras formas breves.
de wikipédia
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