Teresinha Oliveira
SAUDADE COM PERFUME DE CAMÉLIA
Nas ruas de verão vejo muitas camélias enfeitando vestidos, decotes e cabelos de mulheres floreiras, que perseguem a moda das flores, sem nunca terem regado uma. Provavelmente desconhecerem o nome das singelas camélias de tecido que levam a passear e devem confundi-la com sua irmã rosa, a preferida.
Duas irmãs bem diferentes, mas igualmente lindas. Uma simples, sem alardes ao se mostrar, flor criança e faceira que parece correr descalça pela relva. A outra, exuberante, com astúcia feminina entorpece os sentidos do observador descuidado e dissimula seus espinhos como perigo menor. Só o sangue nos dedos o livra de seu fascínio.
As camélias são flores calmas, sem surpresas, que me recordam minha mãe que hoje, nos campos do Senhor cultiva suas flores pelo amor escolhidas.
Qualquer dia vou oferecer-lhe camélias. Colocá-las aos pés de um Anjo Mensageiro e torcer para que as receba. Com sorte, talvez assim perdoe meus impacientes desamores, um pouco só que seja.
Ela tanto as admirava que casou-se com um virginal buquê de camélias brancas, e carregou-o consigo através das décadas de um casamento feliz. Naturais, é claro, sempre afirmava, porque na época as camélias eram corriqueiras nos vasos dos floristas e nos canteiros das esquinas.
Se jogou fora o buquê a murchar, ou o atirou às amigas solteiras para o destino revelar quem seria a próxima noiva, não sei. Nem sei se naquele tempo de amor festivo já existiam esses sortilégios românticos.
O final da história do buquê é desconhecido. Ela nunca contou e eu não perguntei. Agora é tarde para essa questão, como para tantas outras...
Se eu vir uma estrela cadente, irmã distante das flores, eu peço, sem vergonha da tolice, que no limite do meu tempo cá nesse jardim de enganos, eu espante a solidão e o medo ao reencontrar minha mãe me esperando, com seu buquê de camélias brancas nas mãos.
Terê Oliva.
Duas irmãs bem diferentes, mas igualmente lindas. Uma simples, sem alardes ao se mostrar, flor criança e faceira que parece correr descalça pela relva. A outra, exuberante, com astúcia feminina entorpece os sentidos do observador descuidado e dissimula seus espinhos como perigo menor. Só o sangue nos dedos o livra de seu fascínio.
As camélias são flores calmas, sem surpresas, que me recordam minha mãe que hoje, nos campos do Senhor cultiva suas flores pelo amor escolhidas.
Qualquer dia vou oferecer-lhe camélias. Colocá-las aos pés de um Anjo Mensageiro e torcer para que as receba. Com sorte, talvez assim perdoe meus impacientes desamores, um pouco só que seja.
Ela tanto as admirava que casou-se com um virginal buquê de camélias brancas, e carregou-o consigo através das décadas de um casamento feliz. Naturais, é claro, sempre afirmava, porque na época as camélias eram corriqueiras nos vasos dos floristas e nos canteiros das esquinas.
Se jogou fora o buquê a murchar, ou o atirou às amigas solteiras para o destino revelar quem seria a próxima noiva, não sei. Nem sei se naquele tempo de amor festivo já existiam esses sortilégios românticos.
O final da história do buquê é desconhecido. Ela nunca contou e eu não perguntei. Agora é tarde para essa questão, como para tantas outras...
Se eu vir uma estrela cadente, irmã distante das flores, eu peço, sem vergonha da tolice, que no limite do meu tempo cá nesse jardim de enganos, eu espante a solidão e o medo ao reencontrar minha mãe me esperando, com seu buquê de camélias brancas nas mãos.
Terê Oliva.
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