Sonhei como se sonha, arquitectando
A vida como nunca p'ra mim fora!...
E atrás duma ilusão vou suportando
A cruz que o meu destino não melhora.
Mas sonhos lindos viverei sonhando...
Há-de chegar a hora redentora
Das mágoas que em meu peito fui juntando,
Das lágrimas choradas, vida fora!
Depois dum Mal, um doce Bem floresce.
E um dia então será doirada messe
O grande Amor que em mim sinto vibrar.
Pior que o meu Destino, deve ser
O de alguém que na vida não tiver
Um coração por quem possa chorar!
Elísio de Vasconcelos
in POLIEDRO-Sonetos e Outras Poesias (1946)
www.bibliothequeduvalais.blogspot.com tem 1 exemplar de POLIEDRO - Sonetos e Outras Poesias (25 €). Para saber mais sobre a obra ou a adquirir, contacte voarnapoesiablog@gmail.com.
Elísio de Vasconcelos (1915
-1965)
A vida como nunca p'ra mim fora!...
E atrás duma ilusão vou suportando
A cruz que o meu destino não melhora.
Mas sonhos lindos viverei sonhando...
Há-de chegar a hora redentora
Das mágoas que em meu peito fui juntando,
Das lágrimas choradas, vida fora!
Depois dum Mal, um doce Bem floresce.
E um dia então será doirada messe
O grande Amor que em mim sinto vibrar.
Pior que o meu Destino, deve ser
O de alguém que na vida não tiver
Um coração por quem possa chorar!
Elísio de Vasconcelos
in POLIEDRO-Sonetos e Outras Poesias (1946)
www.bibliothequeduvalais.blogspot.com tem 1 exemplar de POLIEDRO - Sonetos e Outras Poesias (25 €). Para saber mais sobre a obra ou a adquirir, contacte voarnapoesiablog@gmail.com.
Elísio de Vasconcelos (1915
-1965)
Professor e poeta
Elísio de
Vasconcelos nasceu em 1915, no Brasil, no Estado do Maranhão, onde seus pais se
encontraram emigrados, tendo decidido regressar a Portugal pouco depois do
seu nascimento, fixando-se em Monsul ,freguesia da Povoa de Varzim, onde possuíam algumas propriedades.
Aí, Elísio de Vasconcelos
frequentou o ensino básico tendo após o seu término ido estudar no Colégio de Guimarães. Mais tarde, deslocou-se para a cidade invicta (Porto), tendo concluído a preparação para
ingressar no colégio João de Deus. O seu trajecto académico viria a
ser concluído na Faculdade de Farmácia da mesma cidade, onde se licenciou como
farmacêutico-químico, tendo voltado nessa altura à Povoa de Varzim onde resisiu até 1933.
Não se sentindo realizado com a vida na
aldeia, em 1934 voltou ao Porto, onde fixou
residência e passou a exercer como químico-analista num laboratório dessa cidade.
Elísio de Vasconcelos foi mais um desses homens que, tendo estudado ciências, o amor era outro..... Letras!
Elísio de Vasconcelos foi mais um desses homens que, tendo estudado ciências, o amor era outro..... Letras!
Casou com D. Maria da Glória de Moura Direito de Vasconcelos, passando
a residir, primeiro, na rua de Antero de Quental,
mudando-se meses depois para a Rua do Bonjardim.
Esta ligação não gerou herdeiros.
Após se ter casado Elísio de Vasconcelos deixou a sua actividade de químico para
se dedicar à docência, tornando-se professor no Colégio João de Deus onde havia
sido estudante.
Seria, neste colégio e por iniciativa dos seus alunos que viria à luz o seu primeiro livro, intitulado “A saltar uma fogueira” (Porto, Edições Inicial, 1945), e no qual o poeta publicou um conjunto de sessenta e duas quadras “sanjoaninas”.
Com trinta anos, a sua veia poética não parava de jorrar. Iniciou colaboração em vários periódicos, entre os quais o semanário povoense “A Maria da Fonte”. E, ainda em 1945, veio a público o seu segundo livro, “Poliedro. Sonetos e outras poesias” (Porto, Livraria Portugália, 1945), seguindo-se-lhe “A ternura que me deste” (Porto, Livraria Figueirinhas, 1946).
Seria, neste colégio e por iniciativa dos seus alunos que viria à luz o seu primeiro livro, intitulado “A saltar uma fogueira” (Porto, Edições Inicial, 1945), e no qual o poeta publicou um conjunto de sessenta e duas quadras “sanjoaninas”.
Com trinta anos, a sua veia poética não parava de jorrar. Iniciou colaboração em vários periódicos, entre os quais o semanário povoense “A Maria da Fonte”. E, ainda em 1945, veio a público o seu segundo livro, “Poliedro. Sonetos e outras poesias” (Porto, Livraria Portugália, 1945), seguindo-se-lhe “A ternura que me deste” (Porto, Livraria Figueirinhas, 1946).
A crítica
acolheu muito bem os seus três volumes de poesia aos quais teceu as mais elogiosas referências nos diários nacionais de maior expressão,
de A Tarde ao Primeiro de Janeiro, ao Comércio do Porto, a O Século ou ao Diário da Manhã.
A revista O Inicial, órgão literário e artístico do Colégio João de Deus, publicou em Dezembro de 1945 uma extensa matéria sobre “A ternura que me deste” de onde extraímos o seguinte trecho: “Elísio de Vasconcelos é um poeta. Acentuamos. Repetimos. Poeta no sentido integral e quase maravilhoso do vocábulo. Eis a agradável convicção que a leitura desde livro nos dá […]. Como artista, Elísio de Vasconcelos é escravo de si mesmo. Isto é, da caudalosa fluência do sentimento lírico, que nele tudo inunda, subverte e vence. A onda da poesia transborda incessantemente do seu peito. Alastra em impulsos irreprimíveis. Vibra em estos viris. E na sua humildade adorável reflecte assim qualquer coisa de grandioso e olímpico”.
A revista O Inicial, órgão literário e artístico do Colégio João de Deus, publicou em Dezembro de 1945 uma extensa matéria sobre “A ternura que me deste” de onde extraímos o seguinte trecho: “Elísio de Vasconcelos é um poeta. Acentuamos. Repetimos. Poeta no sentido integral e quase maravilhoso do vocábulo. Eis a agradável convicção que a leitura desde livro nos dá […]. Como artista, Elísio de Vasconcelos é escravo de si mesmo. Isto é, da caudalosa fluência do sentimento lírico, que nele tudo inunda, subverte e vence. A onda da poesia transborda incessantemente do seu peito. Alastra em impulsos irreprimíveis. Vibra em estos viris. E na sua humildade adorável reflecte assim qualquer coisa de grandioso e olímpico”.
Nos finais da década de 1940,
Elísio de Sousa Vasconcelos sente o "chamamento da pátria-mãe" decidindo deixar a docência
para regressar ao Brasil.
Ali chegado
instalou-se na sua cidade natal onde, na Universidade Estadual do Maranhão, passou a
leccionar Farmácia e Língua Portuguesa, atingindo, poucos anos depois, a
cátedra. Desempenhou também funções oficiais, chegando a ocupar o alto cargo de
secretário do governo maranhense.
Inconstante como
quase todos os poetas, em 1960 voltou a mudar de cidade, fixando-se desta vez no
Rio de Janeiro onde foi contratado para ensinar em dois dos mais prestigiados
colégios da cidade: o D. Pedro II e o Estadual Sousa Aguiar.
Foi ainda redactor especial do jornal “A Voz de Portugal” e, mais tarde, de “o Mundo Português”.
Foi ainda redactor especial do jornal “A Voz de Portugal” e, mais tarde, de “o Mundo Português”.
Em finais de
1963 regressou a Portugal, numa viagem de saudade. Estanciando em Monsul, ali
permaneceu por longos meses, aproveitando para viajar por todo o norte de Portugal.
Regressou à cidade maravilhosa em
meados de 1964, mantendo as actividades de professor e jornalista.
Mas não o seria
já por muito tempo: a morte surpreendeu-o aos 50 anos de idade, no Hospital dos
Servidores do Estado do Rio de Janeiro onde se fizera internar pouco tempo
antes. O seu corpo encontra-se inumado num dos cemitérios dessa cidade que para ele foi a ultima, Rio de Janeiro.
Obrigada pela maravilhosa leitura.
ResponderEliminarUm prazer!!! Gratos nós pela visita Enide Santos!!!
ResponderEliminar
ResponderEliminarMUITO BOM, ADORO CONHECER POETAS NOVOS, BOA TARDE, BJS.
SISOYYO -