Arquitecto e pintor português, Nadir Afonso Rodrigues nasceu a 4 de Dezembro de 1920, em Chaves. Com 17 anos de idade matriculou-se em Arquitectura, na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, onde acabou por se diplomar. Ainda como aluno daquela Escola, começou a expor os seus trabalhos e, até 1946, fez parte do conjunto de artistas que expunham no "Grupo dos Independentes". Adepto do paisagismo matérico, quase expressionista, onde o Norte de Portugal é o tema dominante, o pequeno óleo de 1945, Vasilhas, anunciava já o abstraccionismo geométrico a que aderiu por influência de Fernando Lanhas. Com Composição Irisada (1946) procurou obter uma síntese entre o surrealismo e o abstraccionismo.
Em 1946 viajou para França onde, na École des Beaux-Arts de Paris, estudou pintura e obteve do governo francês, por intermédio de Cândido Portinari, uma bolsa de estudo. Foi, posteriormente, colaborador do arquitecto Le Corbusier, nomeadamente no projecto da cidade de Marselha (Cité Radieuse), e utilizou durante algum tempo o atelier de Fernand Léger. Em 1952 partiu para o Brasil, onde colaborou com o arquitecto Óscar Niemeyer e em 1954 regressou a Paris, retomando, no Atelier d'Art Abstrait, o contacto com artistas orientados na procura da arte cinética como, por exempo, Vasarely, Herbin e Mortensen. A pesquisa do sentido do ritmo e a tentativa de recriar o movimento real levou-o a pintar quadros "cinéticos", frequentemente intitulados "Espacilimitado" (Espacillimité), chegando mesmo a expô-los no Salon des Réalités Nouvelles (1958). No início dos anos 60, regressado a Portugal, a sua geometria passou a sugerir espaços, geralmente citadinos. Por volta de 1965, Nadir Afonso abandona definitivamente a Arquitectura e, tomando consciência da sua falta de adaptação ao meio artístico português, isola-se, dedicando-se integralmente à criação.
Uma característica do seu trabalho é o remanuseamento das obras, que vai alterando ao longo dos anos com o seu amadurecimento teórico. As várias fases de alguns trabalhos estão fixadas no seu livro Les Mécanismes de La Création Artistique, publicado em 1970. Nadir procura, acima de tudo, "a pura harmonia", utilizando cores puras, que organiza em formas decorativas ou sequências geométricas sugerindo um ritmo ou efeitos ópticos.
A sua obra tem vindo a ser merecedora de inúmeros prémios e distinções, nomeadamente o Prémio Nacional de Pintura (1967), a representação de Portugal na Bienal de S. Paulo (1969), o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso (1969), a atribuição da medalha de ouro da cidade de Chaves e sessões de homenagem, quer na Bienal de Cerveira (2003) quer na 2.ª Feira de Arte Contemporânea do Estoril (2004). Em 1993, foi realizado, sobre Nadir Afonso, um filme de Jorge Campos para a Radiotelevisão Portuguesa. O artista envolveu-se, juntamente com Lagoa Henriques, no projecto de painéis para o Metropolitano de Lisboa com São Sebastião e encontra-se representado em museus de cidades do mundo como Lisboa, Porto, Amarante, Rio de Janeiro, S. Paulo, Budapeste, Paris, Wurzburg e Berlim. Nadir Afonso é membro da Ordem Militar Santiago de Espada e da Academia Nacional de Belas-Artes.
www.nadirafonso.com/vida/
Parabéns este blog está belíssimo. É um convite à apreciação de tão belas artes.
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